Refletindo sobre Alfabetização
Valdirene Rattis Dorneles
Durante muito tempo as atividades
de ler, escrever, copiar, memorizar e reproduzir foram práticas usuais de
nossas escolas, negando a importância das práticas lúdicas neste processo, por
serem consideradas situações de não aprendizado. Com a “nova” concepção de
educação, entendendo-a como processo contínuo e que não se dá somente no âmbito
escolar, mas em todos os espaços sociais, a importância desta prática vem
merecendo espaço no fazer pedagógico de muitos professores. A educação
compreende um aprendizado coletivo, amplo, seu processo é interno e singular de
pessoa para pessoa. As possibilidades de aprender e ensinar, os caminhos para
chegar a este processo são complexos e amplos. O mundo é uma „escola‟ que
propicia diferentes leituras que não se restringem à sala de aula, cadernos,
lápis e livros didáticos. A capacidade do ser humano se comunicar serve para a
troca de experiências, opiniões, sentimentos. Desta forma, foi necessária a
criação de códigos para a comunicação entre as pessoas. Embora o desenho tenha
sido uma das primeiras formas de comunicação (códigos rupestres), nada se
sobrepõe à fala e à escrita. Neste sentido, o desenho, os sons, a oralidade têm
menor relevância em comparação com a linguagem escrita. Porém, por vivermos
imersos num mundo audiovisual, não podemos negar as linguagens e formas de
interpretação do meio. Ao nosso redor, o que vestimos, comemos, assistimos vêm
em forma de palavras, imagens, sons, texturas que o professor precisa ampliar
novas formas de ensino, além da escrita, mas como um todo, “a leitura de
mundo”, como sugere Freire. Traçar um plano de trabalho que considere a
multiplicidade do cotidiano escolar e pessoal torna-se necessário. Apesar de um
grupo de indivíduos terem diferentes estágios de maturação e internalizar o
aprendizado de formas diversas, o professor deve traçar objetivos que
vislumbrem amplamente o ensino e o desenvolvimento das linguagens. Romper com
os métodos tradicionais de ensino não é uma tarefa fácil, porém o uso da flexibilidade,
da competência pedagógica, da formação continuada e do comprometimento do
professor no sentido de revisão e avaliação de práticas que mais se adéquam aos
saberes do aluno, o ajudará na mudança.
Em alfabetização, primeiramente
deve-se diagnosticar o que o aluno já sabe, através da sondagem diagnóstica que
capacitará o professor a traçar meios e objetivos para atingir seu intento de
letrar. Aliás, em todo processo de ensino a sondagem deveria se fazer presente.
Observar, pesquisar, registrar os níveis do processo evolutivo da aprendizagem
do ler e escrever também é importante. Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky,
a alfabetização e a escrita passam por cinco níveis distintos que se devem
vislumbrar periodicamente para que o professor consiga realizar um trabalho
proficiente. Portanto, o educador não pode abrir mão da valorização das
diferentes linguagens, traçando estratégias que permitam a interpretação de
diferentes textos, objetos, imagens, experiências. Estimular diversos tipos de
interação com a língua escrita, como o aceso a livros, músicas, revistas
jornais, aproveitando os subsídios comunicativos, placas, cartazes, rótulos...
Que constituem situações funcionais do cotidiano, vinculados à escrita. Criar
espaços e situações de acesso ao saber escrito em que o aluno possa ser
protagonista de uma história, contador, personagem ou o que a imaginação
permitir.
Provocar a curiosidade,
descobrindo junto com o aluno formas de pesquisar, criticar, pensar o mundo e
as coisas elencando a problematização e o encontro de soluções por ele mesmo é
uma forma de torná-lo autônomo e autor de seu aprendizado.
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