sábado, 12 de julho de 2014

Refletindo sobre Alfabetização


                                                                     Valdirene Rattis Dorneles

Durante muito tempo as atividades de ler, escrever, copiar, memorizar e reproduzir foram práticas usuais de nossas escolas, negando a importância das práticas lúdicas neste processo, por serem consideradas situações de não aprendizado. Com a “nova” concepção de educação, entendendo-a como processo contínuo e que não se dá somente no âmbito escolar, mas em todos os espaços sociais, a importância desta prática vem merecendo espaço no fazer pedagógico de muitos professores. A educação compreende um aprendizado coletivo, amplo, seu processo é interno e singular de pessoa para pessoa. As possibilidades de aprender e ensinar, os caminhos para chegar a este processo são complexos e amplos. O mundo é uma „escola‟ que propicia diferentes leituras que não se restringem à sala de aula, cadernos, lápis e livros didáticos. A capacidade do ser humano se comunicar serve para a troca de experiências, opiniões, sentimentos. Desta forma, foi necessária a criação de códigos para a comunicação entre as pessoas. Embora o desenho tenha sido uma das primeiras formas de comunicação (códigos rupestres), nada se sobrepõe à fala e à escrita. Neste sentido, o desenho, os sons, a oralidade têm menor relevância em comparação com a linguagem escrita. Porém, por vivermos imersos num mundo audiovisual, não podemos negar as linguagens e formas de interpretação do meio. Ao nosso redor, o que vestimos, comemos, assistimos vêm em forma de palavras, imagens, sons, texturas que o professor precisa ampliar novas formas de ensino, além da escrita, mas como um todo, “a leitura de mundo”, como sugere Freire. Traçar um plano de trabalho que considere a multiplicidade do cotidiano escolar e pessoal torna-se necessário. Apesar de um grupo de indivíduos terem diferentes estágios de maturação e internalizar o aprendizado de formas diversas, o professor deve traçar objetivos que vislumbrem amplamente o ensino e o desenvolvimento das linguagens. Romper com os métodos tradicionais de ensino não é uma tarefa fácil, porém o uso da flexibilidade, da competência pedagógica, da formação continuada e do comprometimento do professor no sentido de revisão e avaliação de práticas que mais se adéquam aos saberes do aluno, o ajudará na mudança.
Em alfabetização, primeiramente deve-se diagnosticar o que o aluno já sabe, através da sondagem diagnóstica que capacitará o professor a traçar meios e objetivos para atingir seu intento de letrar. Aliás, em todo processo de ensino a sondagem deveria se fazer presente. Observar, pesquisar, registrar os níveis do processo evolutivo da aprendizagem do ler e escrever também é importante. Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky, a alfabetização e a escrita passam por cinco níveis distintos que se devem vislumbrar periodicamente para que o professor consiga realizar um trabalho proficiente. Portanto, o educador não pode abrir mão da valorização das diferentes linguagens, traçando estratégias que permitam a interpretação de diferentes textos, objetos, imagens, experiências. Estimular diversos tipos de interação com a língua escrita, como o aceso a livros, músicas, revistas jornais, aproveitando os subsídios comunicativos, placas, cartazes, rótulos... Que constituem situações funcionais do cotidiano, vinculados à escrita. Criar espaços e situações de acesso ao saber escrito em que o aluno possa ser protagonista de uma história, contador, personagem ou o que a imaginação permitir.

Provocar a curiosidade, descobrindo junto com o aluno formas de pesquisar, criticar, pensar o mundo e as coisas elencando a problematização e o encontro de soluções por ele mesmo é uma forma de torná-lo autônomo e autor de seu aprendizado.
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