sexta-feira, 21 de maio de 2021

 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

 UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL 

 CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA


Contextualização da Trajetória de Curso


 Aliando teoria e prática na construção lúdica do conhecimento 


LILIANE DE SOUZA VOGT 


Itaqui, 2014



LILIANE DE SOUZA VOGT 


Aliando teoria e prática na construção lúdica do conhecimento


Contextualização da Trajetória de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de licenciada em Pedagogia. 


 

Orientadora: Prof.ª Luçaires Czermainski Gonçalves 




RESUMO

VOGT, Liliane de Souza. Aliando teoria e prática na construção lúdica do conhecimento. Contextualização da Trajetória de Curso. Licenciatura em Pedagogia, Centro de Educação a Distância, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2014. 

A presente contextualização traz o desafio de compreender a relação entre: professores, funcionários, pais e alunos e através deles resgatar elementos da história da escola, bem como a caracterização que essa recebe da sociedade e se ela responde os objetivos para o qual foi criada. Nesse sentido, pretendeu-se desenvolver a contextualização da minha trajetória analisando o papel da ludicidade na educação infantil, metodologia essa que utilizei em minhas práticas por evidenciála com propulsor significado na aprendizagem dos alunos.

 Palavras-chave: Educação Infantil, aprendizagem e ludicidade.

 



INTRODUÇÃO 

    Falar em educação é um problema sintomático em nossa sociedade. Todos ansiamos por um ensino de qualidade, uma prática coerente e heroína dos educadores, mas para que esses desejos se torne realidade em nosso país devemos humanizar o processo de ensino aprendizagem. É nosso dever em quanto futuros professores, transformar os espaços de ensino a partir da realidade social em que vivemos. 

    Durante os quatros anos de minha graduação fui encorajada a ver o mundo por outras lentes, ver a escola não somente como uma instituição de “cal e pedra”, mas como um projeto participativo e transformador. Ao chegar ao fim do curso de Pedagogia à distância da UFPel, o qual frequentei no polo de Itaqui – RS, fui provocada a colocar as discussões teóricas que fomentamos em aula, dentro da escola a partir dos estágios práticos propostos pelas disciplinas finais.

    Escolhi e foi escolhida pela Escola Municipal de Educação Infantil Casa da Criança (situada na cidade de Itaqui, Rua Humberto de Alencar Castelo Branco nº 1970 Bairro Cidade Alta) para viver esse momento ímpar na minha formação enquanto pedagoga. Nessa contextualização de trajetória trarei alguns momentos importantes dentro desse processo e também alguns pontos de análise a partir das minhas práticas. 

    Com objetivo de desenvolver a contextualização da minha trajetória analisando o papel da ludicidade na educação infantil, já que essa foi a metodologia utilizada durante o meu estágio, escrevi essa contextualização e dois capítulos. O primeiro intitulado, “Escola, entorno e sociedade” trará aspectos mais conceituais que adquiri ao longo de minha graduação estabelecendo de onde eu parto para construção de minha trajetória.

     No segundo capítulo com o intuito de relatar minhas experiências, o denominei de “Um relato de experiências: as relações do cuidar/educar na educação infantil” onde apresento as minhas vivências e sala de aula e a utilização do lúdico. Acredito que esse será apenas o começo de um bonito caminho a ser trilhado.



Capítulo I  

ESCOLA, ENTORNO E SOCIEDADE.

    As relações entre a escola o entorno e a sociedade, é sensível e permanente. Durante minha prática docente, na Escola Municipal de Educação Infantil Casa da Criança (situada na cidade de Itaqui, Rua Humberto de Alencar Castelo Branco nº 1970 Bairro Cidade Alta), pude vivenciar a importância desses três conceitos na atuação pedagógica, conceitos que estão profundamente ligados ao comportamento do aluno e também das condições de ensino/aprendizagem que a escola vem a oferecer. Observei durante as práticas que desenvolvi na turma do Maternal A, na qual tinha 19 alunos (com faixa etária entre 2 e 3 anos), um comportamento especial da Casa da Criança, no que tange as relações entre a escola, o entorno e a sociedade: as atividades lúdicas desenvolvidas, não somente com o maternal A, mas com todas as turmas da escola. 

    Junto com essa observação nasce o meu desejo de aprofundar a análise em torno das influências que a ludicidade exerce no processo de ensino e aprendizagem dessas crianças. A aprendizagem lúdica, desenvolvida na educação infantil, ou seja, desde o nascimento até os 6 anos de idade, está relacionada ao movimento espontâneo, em jogar ou brincar, propiciando que os alunos descubram o mundo a sua volta com alegria. Através da ludicidade, as crianças têm a oportunidade de aprender se divertindo, melhorando assim sua afetividade, convívio social e habilidades motoras.

    A característica mais forte e presente na educação infantil é a integração de cuidar e educar. Na escola parceira tem a professora que desenvolve a parte pedagógica e a auxiliar que promove a alimentação e higiene, ambas cuidam dos alunos simultaneamente. A criança na faixa etária de 0 aos 5 anos exige um cuidado especial, portanto, cuidar e educar são dois aspectos indissociáveis, uma vez que não podemos pensar em educar uma criança sem termos que cuidar de suas necessidades biológicas, sociais e emocionais. Conforme o RCNEI (1998), Educar significa:

Propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros 10 em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.  

    Durante muito tempo a educação infantil foi associada a assistencialismo com ênfase ao cuidar, no entanto, isso vem a mudar com a LDB. Em 20 de dezembro de 1996, é instituída a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – lei nº 9394, que apresenta a educação infantil como parte da educação básica e estabelece três artigos que instituem as formas de organização para o entendimento as crianças até 6 anos de idade e ressaltam o cumprimento do direito a educação:

    Art. 21. A educação escolar compõe-se de:

     I - Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; 

    II- Educação superior. 

    Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. 

    Art. 30. A educação infantil será oferecida em: 

    I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; 

    II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.

    Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. 

    A educação infantil evolui do simples cuidado para a educação e promoção do desenvolvimento integral da criança. Pois antes tinha o objetivo de sanar a dificuldade de pais que não tinham onde deixar seus filhos ao saírem para trabalhar. Estas então chamadas creches se encarregavam dos cuidados suprindo as 11 necessidades básicas de higiene e saúde. Ao ser institucionalizada a educação infantil passa a oferecer informações e estímulos às crianças para oportunizar no convívio escolar aprendizado de qualidade com diferentes recursos, cabendo ao profissional de educação estar preparado para planejar o que melhor se adapta ao público que atende, favorecendo seu desenvolvimento e aprendizagem.

    Ao longo da minha vivência com os alunos do Maternal A, percebi que trabalhar com o lúdico desses alunos, traça uma linha muito próxima do mundo imaginário, o que forma para nós professores, um desafio dentro do processo de aprendizagem. Por isso, no decorrer da minha contextualização definir tudo que está na volta da escola e do sujeito (aluno) é fundamental, do mesmo modo que conhecer a realidade dos alunos para assim continuar a desenvolver atividades e realizar planejamentos de acordo com a realidade e o entorno dos mesmos. O ambiente de troca de conhecimento e construção do processo de ensino/aprendizagem, bem como o conjunto de pessoas que envolvem a escola e os alunos, não deve receber atenção diferente, já que são fatores determinantes para que as crianças se sintam à vontade para desenvolver com êxito as atividades propostas. 

    Dessa forma, analiso a escola de maneira propositiva, apesar da falta de participação dos pais na comunidade escolar e o descaso do setor público responsável pela educação infantil na cidade, dois fatores que me desagradam na sociedade Itaquiense. Alunos e funcionários mantêm uma relação alegre e saudável, os professores e a equipe diretiva sempre fazem o possível para realizarem as atividades e os projetos propostos. Apesar da falta de estrutura física e de material pedagógico, o amor e o bom atendimento, por grande parte dos colaboradores, tornam a escola acolhedora, propiciando um ambiente de confiança para que as crianças desenvolvam as atividades propostas. 

    Essas dificuldades encontradas vêm se modificando com a atuação do Círculo de Pais e Mestres (CPM), criado recentemente na escola parceira. A partir disso, a Casa da Criança começa a ir mais contra o modelo de sociedade organizada que de fato me incomoda. Os pais estão aos poucos sendo sujeitos das decisões escolares e também das reivindicações de melhorias feitas diretamente ao prefeito de Itaqui e à secretaria municipal de educação. Atualmente os pais 12 reivindicam a reforma para os banheiros (que não são adaptados para as crianças), uma área coberta na frente e lateral da escola e um eletricista para instalação de dois climatizadores de ar que estão a quase 3 anos guardados na escola esperando o profissional da prefeitura. A equipe diretiva agora também chama os pais solicitando seu apoio e sua opinião, o que faz muitos pais ter um olhar diferente com a escola.

    E falando em participação, o CPM foi criado neste ano e a relação entre os pais e a escola já começou a evoluir. Esta aproximação é necessária, mesmo que a princípio seja somente para liberação de verbas, assinar notas, sendo poucas vezes solicitada a participação real e a sugestão de melhorias. Victor Paro (2007), já alerta para as dificuldades encontradas nos conselhos dentro da escola:

(…) uma das maiores dificuldades encontradas pelos conselhos escolares para promoverem a democratização da escola tem sido precisamente o fato de que, por mais deliberativo que seja, ele nunca é diretivo, cabendo essa incumbência ao diretor escolar que, como responsável último pela instituição, se vê obrigado a atender, em primeiro lugar, aos interesses do Estado. 

    Vale ressaltar que a escola foi criada como creche para atender crianças de 0 a 5 anos as quais as mães trabalhassem fora de casa. Hoje é uma escola de educação infantil, havendo a disponibilidade de vagas independente se os pais trabalham ou não, tendo a criança ter direito a estar na escola, como rege a lei nacional. Entretanto, a escola não deixou de estar estruturada em uma sociedade capitalista, os pais enfrentam a falta de tempo e a rotina agitada exigida pelo mundo do trabalho, o que faz com que eles deixem seus pequenos de lado, sem contar aqueles que realmente não apresentam estrutura pessoal e de fato deixam seus filhos a margem.

    Isso, por vezes afeta os professores, que se desmotivam com tal situação, mas também há famílias interessadas, preocupadas com a qualidade da educação e do atendimento de seus filhos que faz com que os professores muitas vezes se renovem, se motivem para acreditar e fazer acontecer maior proximidade entre a família com a escola. É perceptível e salutar que a escola se molda de acordo com a mudança da sociedade. As atividades pedagógicas atualmente são feitas por projetos, havendo mais participação da comunidade e os professores desenvolvem 13 atividades extras como passeios e teatros para mostrar diversas realidades aos alunos.

    Durante a contextualização, terei o desafio de aprofundar esses elementos dentro da comunidade escolar, principalmente a relação entre: professores, funcionários, pais e alunos. Através deles pretendo resgatar o histórico da escola, bem como a caracterização que essa recebe da sociedade e se ela responde os objetivos para o qual foi criada. Acredito que meu papel como futura educadora, é promover um processo de ensino-aprendizagem que potencialize o sujeito, que o torne protagonista da relação construindo um ensino horizontal, feito através de trocas. Nesse sentido, pretendo desenvolver meu CTC, analisando o papel da ludicidade na educação infantil, metodologia essa que utilizei em minhas práticas por evidenciá-la com propulsor significado na aprendizagem dos alunos.

    Destarte, acredito que a ludicidade deveria estar presente em todos os processos de ensino aprendizagem, nos tornando mais humanos e iguais, promovendo o bem-estar diário em nossas relações. Valorizando a construção de sujeitos ativos, como trabalhamos ao longo da trajetória do curso, potencializando suas funcionalidades, percebendo seus limites através do entorno que está inserido. 

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