sábado, 24 de novembro de 2012

Linguagens e Ludicidade




   O espaço educativo é básico para a construção do conhecimento, para o desenvolvimento de habilidades e a edificação da cidadania. A escola, a família e a comunidade são lugares privilegiados para o encontro da criança com o saber. A escola, considerando os saberes prévios, apresenta aos alunos as regras do conhecimento letrado, escrito e calculado, bem como informações de como participar das atividades individuais e coletivas.

   Compreender a pluralidade requer debate e diálogo constantes, proporcionando experiências aos seus alunos e valorizando as formas de comunicar o que sabe, pensa e sente através das diferentes linguagens.
Permitir o diálogo necessita uma dinâmica diferenciada por parte do professor, bem como uma nova postura diante da turma, como sugere Barbosa:

                                              “Diálogo supõe mais de uma pessoa, supõe a expressão de pensamentos,                                                 percepções, ideias, sentimentos e a escuta de pensamentos, percepções,                                                   ideias de outro ou outros.
                                                  Essa forma de comunicação só é possível, na sala de aula, quando o                                                    professor deixa de ser o centro do processo ensino-aprendizagem;                                                          quando o aluno também não centraliza o tempo todo e acaba por fazer                                          sempre do jeito que quer, sem precisar se frustrar e contar opiniões                                                           diferenciadas em relação à sua.
                                    Dialogar envolve disponibilidade para ouvir o outro, mesmo sem concordar                                             com ele e conseguir falar dessa não-concordância, abrindo possibilidades de                                          mudança das posições iniciais.” (Barbosa,2002,p.35).

   Sendo assim o diálogo transcende as possibilidades, tornando-se mediador de conflitos, ampliador de aprendizagem, desenvolvedor de habilidades para a solução de conflitos, da argumentação e autonomia.
Ao falarmos sobre linguagem e diálogo nos vem à cabeça, num primeiro momento a comunicação. O ser humano possui a capacidade de se comunicar com sua espécie e com o mundo, isso o difere dos outros seres vivos. Ele construiu códigos comuns que permitem a comunicação.

   Linguagem é a forma de comunicar, de dizer o que pensa, de externar o que sente. Desta forma, demonstramos sentimentos, medo, alegrias. E esta comunicação se manifesta nas relações sociais.

   Embora a linguagem oral seja a mais usada, foi a escrita que ampliou a capacidade do ser humano se comunicar. Prova disso são os registros rupestres encontrados de longa data.

Portanto, existem diferentes formas de comunicarmos, diferentes linguagens: um desenho comunica, uma fotografia conta história, uma escultura fala sobre seu autor, as roupas, formas de vestir das pessoas em diferentes regiões e espaços, comunicam, por exemplo: um uniforme, penas coloridas, uma batina, lembram militar, índio, aves de determinada região, padre, missa, igreja... Por isso afirma-se que linguagem é toda forma de se comunicar e existem diferentes linguagens porque existem diferentes tipos de expressão.

   Historicamente, pensamento advindo de anos de Ditadura que refletiram na educação e numa escola tradicional de ensino, as linguagens oral e escrita foram por muito tempo as mais usadas e mais valorizadas no ambiente escolar, sendo que a oralidade foi sempre de uso do professor e restrito aos alunos.
   Contudo, com o avanço tecnológico, científico e das pesquisas e teorias acerca de educação, ela passa a ser pensada como conjunto de ações que permitam a participação de todos os envolvidos no processo educativo, fazendo com que o professor planeje flexivelmente as tarefas, adaptando-as às necessidades do aluno, considere as contribuições do aluno, desenvolva atividades significativas, estabeleça um ambiente de troca de saberes e avaliando conforme as necessidades do aluno.

Sendo assim, desenvolver em si mesmo a competência da leitura das diferentes linguagens e promover esta ação em seus alunos é o desafio do professor que deve ter disposição para ler, não somente a escrita, mas os gestos dos alunos, como um todo, decifrando os códigos desta leitura.

   O fazer lúdico como recurso pedagógico surge como forma de vislumbrar e contemplar as diferentes linguagens.

   Assim, o educador, ao conhecer e fazer uso da ludicidade na educação constrói o conhecimento relacionando-o ao saber do aluno, percebendo como faz, porque faz e as adaptações às exigências das novas situações educativas. Oportunizando que o aluno busque a construção do conhecimento e que as atividades dirigidas e orientadas visem um resultado pedagógico.

   O resgate da cultura infantil, do brinquedo, da realidade na qual a criança está inserida que é afetiva, cognitiva e motora, compreende levar a escola a assumir nova postura, pensando sobre a educação, a sociedade e a cultura do meio. Elencando o sujeito evolutivo que nos remete à construção e à formação de hábitos para a vida.

   Concluindo, a ludicidade é um recurso que possibilita a utilização, ao mesmo tempo, dos diferentes tipos de linguagem e facilita a apropriação de conceitos por parte das crianças e do professor também, pois é um processo que motiva aprendizagem para todos.


                                                                                              
                                                                                             ACLP Valdirene Rattis Dorneles
                                                                                               CLPD UFPEL Itaqui.
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